Aos dezenove dias do mês de junho realizamos mais uma sessão coletiva do Gestar II, cujo tema foi Leitura e Processos de Escrita I. Como de costume começamos o encontro com uma mensagem pps "Pedras". Em seguida, algumas colegas apresentaram o "Avançando na prática", pois não houve tempo no último encontro, mais uma vez trocamos experiências com os colegas o que considero muito importante. Percebi que o Gestar II foi bem aceito e está sendo realmente aplicado, pois foram relatadas a participação e a contribuição dos alunos na realização dos "Avançando na prática". Isso se deve ao excelente trabalho de motivação que os cursistas fizeram com os alunos. O nosso grande obstáculo é ainda a falta de compreensão e boa vontade por parte de alguns diretores da rede estadual que se negam a colaborar com alguns professores (mas nossos cursistas não medem esforços para participar dos encontros). Em virtude disso, solicitamos a presença de Imaculada, assessora técnica da SME, para nos ajudar mais uma vez nesse acordo com a SRE. Encerramos nosso encontro com um míni sarau com declamações de poemas. A cursista Wilma se caracterizou e ornamentou o ambiente com velas para fazer a declamação do poema "Lembrança de morrer" de Álvares de Azevedo. ADOREI!
Lembrança de morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
— Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh'alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade — é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Só levo uma saudade — é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai... de meus únicos amigos,
Poucos — bem poucos — e que não zombavam
Quando, em noite de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo....
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nelas
— Foi poeta — sonhou — e amou na vida.—
Sombras do vale, noites da montanha
Que minh'alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas quando preludia ave d'aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua prantear-me a lousa!